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Toma, este é o meu corpo, o que sobe as escadas
em direcção à tua escuridão, deixando-me,
ou a alguma coisa menos tangível,
no seu lugar.
Também elas envelheceram, as escadas,
também, como eu, desabitadas.
Anoiteceu, ao longe afastam-se passos, provavelmente os meus,
e, à nossa volta, os nossos corpos desvanecem-se como terras
estrangeiras.
“Café do molhe”
Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.
18.11.1943 - 19.10.2012
Filipe Gonçalves operação de som de sala
Estarreja recebe a exibição do filme Estrada de Palha, acompanhado por um concerto de Paulo Furtado, na pele de Legendary Tigerman, com Rita Redshoes a seu lado. Juntos caminham ao ritmo da Estrada de Palha, banda sonora que escreveram para o referido filme de Rodrigo Areias, estreado em junho nos cinemas, e que ganhou o galardão de melhor banda sonora original na 18ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português.
Neste cine-concerto, levam para palco instrumentos menos usuais (marxophone, violin-uke e até um berbequim) para dar música à projeção do filme. Estrada de Palha é um "western" à portuguesa, mais concretamente alentejano, que decorre na primeira década do século XX. A história centra-se em Alberto, um emigrante que regressa à aldeia natal em busca de justiça e é confrontado com jogos de poder e corrupção.
O grupo bracarense Canto D'Aqui, que se dedica a pesquisar e divulgar a música tradicional portuguesa, presta homenagem a Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, no ano em que se assinalam os 25 e 30 anos, respectivamente, sobre a morte desses nomes maiores da canção de intervenção.
Porto, Casa da Música - Avenida da Boavista, 604/610
07-10. Domingo às 18h00 (na Sala Suggia).